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segunda-feira, 13 de novembro de 2023

Conto sobre a pedra

Os braços dos meus oceanos são caóticos, se espalham. Eu sou selvagem, sem  controle da minha força, sem perceber o caos que gira ao meu redor. Mas se mergulhar em minhas profundezas, verá o quão rico é a minha diversidade, o quanto de vida e harmonia tem em mim. Mas sempre que percorro entre as marés me esbarro na mesma pedra.

Essa pedra. Tão rígida e tão segura de suas convicções, resistente em manter em forma e qualquer gota de minha água em sua pele é um anúncio de fúria.

Nosso encontro produz belas paisagens, nossos choques são ótimas fotografias. Enquanto se apreciam nossas belezas, não se deixam de notar o que há de intensidade e de resiliência.

Não adianta querer que baixe minha maré ou que evapore até o seu chão, cairei em gotas e te molharei por inteiro até te deixar emburrado. É o meu ciclo e não vai mudar, apenas vai te encharcar e estragar seu penteado. Pode navegar, pode se permitir se descolar da superfície. Esse mar parece uma desordem, mas suas correntezas te guiarão para não se perder. Podia deixar que esse jogo de água mole e pedra dura te levasse para conhecer o mundo, podia surfar em minhas águas para desbravar o horizonte, mas agora o clima mudou. O oceano é muito longo para persistir em apenas uma pedra.


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