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domingo, 16 de junho de 2019

Vida e Arte

Enquanto são estudadas em um eterno ciclo de interferências ao derivar os conceitos comuns de tempo, amor e o mundo; a vida e a arte seguem duas retas paralelas. Contudo, criamos interferências que geram ondulações nessas linhas a todo instante e faz com que elas se cruzem antes do infinito poder juntá-las. A partir do primeiro encontro, já não é possível mais detectar o efeito de um na existência do outro. Só é possível concluir que mesmo independentes, elas só fazem sentido ao se encontrar.

Arte é narrativa, vida é cronologia. Arte é o que queremos mostrar para o mundo, vida é o que entendemos do mundo. Arte é interpretação usando os sentidos, a vida é usando as habilidades. Na vida tentamos sobreviver, na arte, aproveitar.  A arte é ensinar o que há dentro de nós, a vida é aprender com a arte dos que estão ao redor. No abismo, a vida é não deixar cair e a arte é tentar voar. Após a morte, a vida é história, a arte é inspiração.Vida é convivência diária; arte é relação e de lua. Vida é se proteger da chuva, arte é cantar na chuva.

As vezes distorcemos o que vimos, transformamos nossa própria versão de realidade em um flashback, uma narrativa que renderá futuras lições. A vida virou arte. Ou então, uma conversa necessária se incia com um elaborado roteiro em nossa cabeça, mas que ao sair de nossos lábios, tomou uma forma totalmente distinta. A arte virou vida.

Tanto a vida quanto a arte gostam de relacionar com nossos sentimentos e emoções. Elas inclusive abusam desse relacionamento para nos confundir sobre a atuação de cada uma. O que poderia ser simplesmente uma ação da rotina acaba se transformando numa epifania. Uma expressão artística que fez a vida nunca mais ser a mesma. Para alguns, essa mistura resulta em realização, para outros, apenas frustração. Devido a pessoalidade dos sentimentos, isso nunca virou ciência.
Vida e arte são forças simultâneas e cada um tem intenções distintas com elas.Já entreguei amizades para quem só queria holofotes, ofereci um pedaço da minha vida para quem apenas precisava de uma plateia. Já recebi promessas de finais felizes e planos para um futuro, mas que nunca passaram de uma foto bonita com uma frase motivacional. Uma foto que depois de uma semana ninguém se importaria mais. E qual problema? Se a morte acaba com a vida, porque a arte não teria seu prazo de validade?

Nesse contínuo sistema de freios e contra pesos tentando achar o equilíbrio entre me expressar e me entender, tentei lapidar as verdades ao meu redor e a única certeza é que não sobrou muito tempo. Sobrou apenas esse tempo para reclamar da falta de tempo e preciso decidir o que fazer com esses momentos finais. Vou simplesmente fechar os olhos e deixar que a arte decida o que fazer com o resto da minha vida. Quem sabe apareça alguma reviravolta para um capítulo final?

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